Na Roma antiga, a escravidão na zona rural fez com que os camponeses perdessem o emprego e migrassem para a área urbana. O inchaço das cidades somado aos problemas sociais e às revoltas da população que exigia melhores condições de vida, fez com que o imperador criasse a política do “pão e circo”: todos os dias havia lutas de gladiadores nos estádios (sendo o Coliseu o mais famoso) onde eram fornecidos alimentos (como trigo e pão) ao público. Assim, a população se divertia, se alimentava e, consequentemente, esquecia-se dos problemas e das idéias de rebelião que tanto incomodavam o imperador.
Muitos, muitos, muitos anos se passaram, mas todo esse tempo não foi suficiente para tornar “humanos” aqueles que se julgam mais espertos que os outros. Aqueles que são capazes de fazer de nós, cidadãos, vítimas desse tipo imundo de política. Aqui, as ruas estão esburacadas, mas temos o vôlei. As folhas de pagamento só andam em atraso, mas temos o vôlei. Os medicamentos de uso continuo para hipertensos e diabéticos nas unidades da rede pública muitas vezes estão em falta; há uma gigantesca demora na realização de cirurgias e até de um simples exame médico. Um verdadeiro caos na área da saúde, mas, convenhamos, o vôlei tá aí. Pra fazer a “alegria” da moçada que teve a coragem de jogar seu mais forte instrumento de democracia no lixo, enquanto a desordem toma conta da cidade.
Em uma entrevista ao telejornal da cidade, nosso imperador propôs que façamos um pacto de amor a Montes Claros. Acertou na mosca. É urgentemente necessário que façamos um pacto de amor a nossa cidade, a nossa família e, principalmente, a nós mesmos, pois, enquanto o “pequi atômico” não explodir ou esse circo não pegar fogo, nós é que somos a atração principal: os palhaços.
marianne a.