"Rezar muito. E ter fé. Porque as coisas estão todas amarradinhas em Deus." (Guimarães Rosa)




terça-feira, 26 de julho de 2011

Delícia de encanto escandaloso


Prometera dedicar-se aos estudos e a levar uma vida séria, de gente grande. Mas de tanto preocupar-se com a razão deixou o coração desprotegido e pimba! Quando percebeu, ficava tonta só de pensar naqueles grandes olhos negros de onde brota toda a beleza que existe. Viu-se colecionando sorrisos, cantando pelos cantos e rezando pro Seu Tempo nem pensar em passar quando estivesse com ele. E, mais uma vez, não sei se por descuido ou mera distração, sentiu-se deliciosamente presa, encantadoramente boba e escandalosamente feliz.
marianne a.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O corpo humano, a viagem e a rima.

É impressionante como o nosso corpo é perfeito. Somos capazes de trazer à superfície de nossa memória lembranças que andavam perdidas e/ou esquecidas, cheiros que nos lembram de algo ou alguém e apenas nos concentrando, tendo força de vontade, somos capazes até de matar a saudade de alguém que já se foi.
Concentro-me, fecho os olhos (já cheios de lágrimas) e vejo um quarto com duas camas, um guarda-roupa e uma casinha da Barbie montada. À frente da casinha, estão duas crianças. Forço as vistas e percebo que uma delas sou eu. Forço um pouco mais e percebo que a outra (de pele branquinha com a textura do mais fino veludo, olhos parecidos com duas jabuticabas grandes, ou seja, LINDA) é Fernanda. Aquela que fez com que eu tivesse a mais doce e alegre infância que alguém pode ter. Me abaixo, dou-lhe um beijo cheio de amor e saudade - que não tive a oportunidade de dar-lhe em vida - e brincamos de fazer roupinhas para as bonecas. Mudamos de brincadeira, agora é escolinha, pegamos nossos materiais de professora e damos aula e lições aos nossos alunos.
Percebo que minha concentração está acabando e que chega a hora de partir. Me baixo, dou-lhe mais um beijo, olho bem no fundo daqueles lindos olhos e abro os meus. Agora, o que eu vejo é um quarto com uma cama, um guarda-roupa e nenhuma casinha da Barbie montada. Percebo que tudo não passou de uma viagem no tempo. No tempo em que eu era feliz e não sabia. Não tinha preocupações nem responsabilidades, apenas uma obrigação: brincar. E para cumprir tal missão, eu tinha a melhor companheira. Companheira que desceu das nuvens, deu alegria a sua família e a outras crianças e voltou às nuvens. Não morreu. Apenas voltou ao seu lugar de origem. Era uma “menina de lá”. Um anjo.Anjo que me faz falta. Que não posso ver, mas posso sentir. Anjo que me fez feliz.
Quer uma palavra que rime com anjo? Eu tenho uma: Fefê. Ela rima com anjo, com amor. Rima com saudade.
É, realmente o corpo humano é perfeito. E só assim, Fefê, explorando-o, é que posso matar a saudade. Posso ter você de volta. Te amo!
marianne a.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

roda, menina... Roda moinho, roda pião




- Vai, menina, escolhe o que mais te faz sorrir e coloca na mochila. Prepara tudo pra sua viagem. Põe a foto da família e o cobertor do namorado. Junta tudo com as conversas bobas da amiga e as gargalhadas do afilhado.
- Mas e se eu me perder, seu moço?
- Pra começar, joga fora todo esse medo que a mochila fica mais leve. E veste sua saia rodada florida, que é pras pétalas do bem-me-quer marcarem o caminho pra quando você for voltar. Coloca aquela fita vermelha no dedo, que é pra lembrar-se de não esquecer que independente de qualquer coisa, é esse sorriso largo e colorido que te coloca à frente de qualquer problema. Com música ou não, faz-se de bailarina e dança, e gira a roda da vida. E roda o mundo, roda moinho, roda pião. Porque o tempo, menina, o tempo roda num instante, e não para. Não, não.
marianne a.

sábado, 2 de julho de 2011

veja bem, meu bem..


Não, não me venha com frases feitas e com boas intenções. Presentes caros não me atraem e o simples, só o simples já me satisfaz.
E se, por acaso, hora dessas quiser me fazer feliz, vem de surpresa, vem quietinho. Não precisa nem falar nada, só me olha nos olhos, põe uma flor no meu cabelo e me faz ver graça onde não tem. E se eu olhar pro lado, me dê um beijo roubado, um abraço apertado e um sorriso sem fim. Me deixa sem sono, me deixa boba, me deixa tonta. Porque só assim serei feliz. Só assim.
marianne a.